Título: Sorrisos Quebrados
Autor: Sofia Silva
Editora: Valentina
Número de Páginas: 286
Ano de Publicação: 2016
Oi, pessoal!
Hoje eu trago a resenha do livro “Sorrisos
Quebrados” da escritora portuguesa que fez sucesso no wattpad com a série
Quebrados, a Sofia Silva. Os livros desta série trazem histórias românticas,
dramáticas, e que nos mostram o poder da superação de traumas na vida dos
personagens, pois cada um deles foi nocauteado na alma de alguma forma e
acompanhamos a reconstrução interior deles, e durante essa jornada de
autoconhecimento dos personagens é impossível não ser impactado com as
histórias profundas de cada um, e o jeito poético e profundo que é
característico da autora.
Este é o primeiro livro que eu leio da autora, e
sinto que comecei com o pé direito por que ela me arrebatou, soube com maestria
prender a nossa atenção em cada linha da história. Criou um romance
incrivelmente lindo, com personagens apaixonantes, e abordou temas que nem
sempre tão escolhidos para romances, o que nos faz refletir sobre esses
assuntos, mas não nos deixa perder a ansiedade para saber como tudo irá
terminar no livro.
Sorrisos Quebrados nos apresenta a história de
Paola que quase foi morta pelo seu ex-marido. Roberto manteve muito bem as
aparências de que vivia um casamento feliz, mas na verdade, ele era um lobo em
pele de cordeiro que transformou a vida da mulher em um verdadeiro pesadelo.
Paola se arrependeu por não ter percebido antes os sinais do relacionamento
abusivo e agora era tarde demais, era agredida verbalmente e fisicamente várias
vezes sempre que seu marido achava que
ela deveria aprender uma lição pelo mal comportamento, ou por não valorizar a
vida “perfeita” que ele dava para ela.
Após um surto de loucura Roberto soltou os Pitbulls
e deixou que eles acabassem com Paola, e ali naquele instante em que o animal
devorava sua alegria, sua beleza, sua vida, ela sentiu-se morta.
Seis
anos depois, ela vive em uma clínica que
oferece suporte para pacientes com diversos traumas, e ela carrega na alma e na
pele as cicatrizes, e sequelas de um passado extremamente doloroso.
É ali, naquele lugar que ela encontra
forças para seguir em frente, sobreviver, além disso, foi lá que descobriu um
talento, pintar. As tintas, os quadros, os desenhos revelam o que existe na
alma dessa artista. Algumas vezes ela ainda sofre com momentos de crises de
pânico por causa dos fantasmas de seu passado que ainda a torturam.
Certo dia, em um evento da clínica ela conhece uma
garotinha muito especial, que se chama Sol, ela tem quatro anos e tem problemas
para se socializar com outras pessoas por causa de um trauma que viveu.
Inexplicavelmente a menina se conecta com Paola, e a pintora se sente encantada
e arrebatada por ela que é muito cativante. A relação entre as duas se estende
até André, o pai de Sol, que também carrega marcas no coração pelo triste
passado que infelizmente compartilhou com a filha.
Sol é uma garotinha muito esperta, meiga e curiosa,
ela recebe o amor incondicional do seu pai e dos seus avós, mas ainda sim não
consegue interagir tão facilmente com as pessoas. A ligação entre ela e Paola é
muito semelhante à de uma mãe e filha, a
convivência dela com a menina faz muito bem a pintora, pois nos mostra a
importância da empatia e do amor ao próximo.
Paola tinha tudo para não querer
contato com mais ninguém além de seus terapeutas, mas a garotinha fez com esses
temores se dissipassem e assim ela percebeu que era a hora de voltar a viver de
verdade, de sair do casulo, do comodismo, da sua proteção e se aventurar um
pouco mais, arriscar mais para ser feliz.
André é muito mais alto e forte do que
o ex-marido de Paola, portanto, no início ele desperta medo e pavor nela, mas
com o tempo ela começa a conhecer o coração daquele homem e percebe que seu tamanho
já não é mais tão intimidante. Apesar de ser enorme, André apenas usa seu porte
físico como uma muralha de proteção para seu raio de sol, sua princesinha, a
luz da sua vida.
"Ao longo dos anos tenho trabalhado com tantos pais. Alguns são heróis, outros desistem. Há de tudo, mas André… o André está em uma categoria própria. Ele é aquele pai que morreria mil mortes dolorosas".
Através de Paola
ele também começa a ter sua vida cheia de cores, estrelas e brilho por que é
assim a alma dela, uma linda combinação e explosão de cores e nuances.
A narrativa em terceira pessoa alterna entre os
pontos de vista de Paola e de André, e nos permite mergulhar nas histórias de
ambos, bem como em suas emoções e pensamentos. Sofia Silva nos envolve em uma
escrita fluída, emocionante e intensa. As cenas dramáticas são lindamente
detalhadas por que tudo tem a ver com as cores. Paola despeja na arte a sua
dor, e ela acaba sendo a sua salvação para não se afogar na própria tristeza de
sua alma.
Muitas pessoas passam por relacionamentos abusivos
e não conseguem perceber quais decisões erradas levaram a reações extremas na
relação, ou seja, o que passou despercebido por tanto tempo e se tornou
irremediável a ponto de alguém que deveria ser o porto seguro para quem ama tornar-se
seu pior pesadelo, o seu algoz.
Sofia nos mostra por meio de Paola que muitas vezes
queremos dar segundas chances para quem errou conosco na relação, mesmo depois
de nos sentirmos feridas, magoadas, destruídas e maltratadas, ainda acreditamos
no poder transformador do amor. É por isso que muitas mulheres ainda perdoam os
namorados, maridos, após uma agressão, mas tudo tem um limite, e nenhuma mulher
merece ter sua alma dilacerada apenas por amor.
"Nesse dia apanhei pela primeira vez e cometi o segundo erro: perdoei."
Mas o relacionamento abusivo não acontece apenas
nesse caso citado acima, também ocorre no inverso, e isso que a autora nos
mostra com a história de André que amou uma mulher com todas as suas forças,
contudo essa relação era tóxica, pois Renata era tão ingrata e ruim como a
Renata da canção do Latino (risos).
A mãe da Sol, por exemplo, era uma mulher manipuladora, controladora, e oportunista, e
que no fundo só amava a si mesma, nem a própria filha ela conseguiu amar, o que
quase me fez chorar enquanto eu lia o livro. Renata quebrou o coração de André e
fez com que ele jurasse para si mesmo que nunca mais seria um otário, nunca
mais ele iria fazer tudo por uma mulher outra vez, dali em diante ele apenas se
envolveria casualmente com mulheres, apenas para satisfazer a sua necessidade
física, mas sentimentalmente estava fechado, e sem previsão de quando um dia se
abriria novamente.
O estrago que Renata fez em sua vida fez com que
ele deixasse de acreditar no amor, mas Paola foi se metendo em seu coração aos poucos
sem que ele notasse que estava se apaixonando por ela. Ele reluta com a
promessa que fez a si mesmo de que só uma mulher ocuparia o primeiro lugar em
sua vida: a sua filha. Mas até quando a
gente pode medir forças com o coração e fugir do que sentimos?
"– Paola, a beleza é efêmera, mas quem somos no nosso interior é eterno. Um dia alguém vai ver isso tudo, como a minha filha viu, e irá se apaixonar perdidamente por você... Olhando para mim está uma mulher com sua beleza destruída, reluzindo no escuro e eu não me assusto mais. Minhas mãos fazem carinho no que alguém quebrou e digo o que ela precisa ouvir: – Paola, o lado feio não existe em você. Não mais pra mim."
André
consegue amar Paola como ela realmente é, e inclusive as suas cicatrizes, além
disso, através dele aos poucos ela inicia um processo de reconstrução da sua
autoestima por que ela acreditava que ninguém mais poderia amá-la como estava.
O que me lembrou da história da Bela e a fera por que o amor verdadeiro enxerga
muito além das aparências. André amou a alma de Paola muito antes de amar o
corpo dela que fugia completamente dos padrões a que ele estava acostumado. Foi
uma verdadeira lição de empoderamento de maneira discreta feita pela autora, pois
só reforça o que tenho aprendido nos últimos tempos, é preciso aprender a nos
amar como somos não importa se não temos a barriga chapada, o bumbum empinado,
o abdômen definido, o rosto perfeito, as medidas perfeitas e etc. Não importa
se estamos acima das medidas consideradas a de um corpo perfeito, não importa
se o nosso corpo tem marcas e cicatrizes por que elas nos lembram de sermos ainda mais fortes a cada dia.
Digo isso
por mim mesma por que meu corpo mudou muito com a gravidez, e eu passei muito
tempo brigando com a minha autoimagem, mesmo antes de ser mãe. Essa história me
ensinou a tentar aceitar o meu novo corpo apesar de como ele está agora.
[CITAÇÕES]
“Todos os dias é um recomeço.
Todos os dias eu renasço. Todos os dias eu me levanto. Todos os dias não
desisto. Todos os dias vivo como se não tivesse todos os dias.”
“A vida é um labirinto onde todos
tentamos localizar a saída e onde poucos têm sorte de encontrar o parceiro
ideal para aventura que é viver.”
Acho que uma
das coisas mais lindas desse livro é a relação de Sol com Paola.
“Somos duas pessoas pintando duas telas que foram rasgadas e precisam
ser tratadas com cuidado.”
Sorrisos
Quebrados foi um dos livros mais lindos que eu já li, e entrou para a minha
lista de preferidos. Com certeza eu o recomendo por que fiquei apaixonada pela
história e pelos personagens. Estou ansiosa para ler o próximo livro da série
que é Corações Quebrados.
Mergulhem nesse
romance maravilhoso, emocionem-se, apaixonem-se , e sejam impactados
profundamente como eu fui. Vale a pena conferir!
Beijos!
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