Resenha: Caos & Devaneios Poéticos - Joane Santana

 



                                          





Obra: Caos &  Devaneios Poéticos
Autora:  Joane Santana
Ebook na amazon : Caos & Devaneios


Sinopse: Caos e Devaneios Poéticos é o primeiro livro de poemas e prosas poéticas de Joane Santana. A obra centraliza seus temas no luto, na depressão e no sofrimento em seus mais variados tons. Também tem uma abordagem sensível e lúdica, pincela temas variados como a vida, o amor, a amizade, a fantasia...

Nesta obra inaugural, Joane Santana apresenta um pouco de seu mundo caótico e lírico por meio da poesia. Um mundo cheio de reflexões, de indagações existenciais, de “dragões” e fadas. Com a escrita desarticulada, seus versos são livres. Trata-se de uma poesia que não se importa com a coerência, se alimenta de devaneios e fantasias, com um ritmo ora manso, ora apático, ora rebelde…, mas sempre pulsante.

A prosa desta obra é afastada de qualquer superficialidade, traz as notas do âmago (numa escrita simples, sem retóricas nem pompas). A poesia reunida nesta obra foi gerada por diversos lutos, por diversas lutas…

No entanto, os tempos caóticos também nos apresenta outras saídas: a criação, a poesia, a escrita, a arte... Assim dizia o grande poeta: “É preciso ter o caos dentro de si para gerar uma estrela dançante.” Caos e Devaneios Poéticos é uma dessas estrelas dançantes. Dor velha, luz recém-nascida. Um salve a poesia catártica!    




Oi, pessoal!

    Hoje trago a resenha do livro Caos & Devaneios Poéticos  da Joane Santana, uma obra maravilhosa que tocou profundamente nos últimos dias. O livro tem textos de poesias e de prosas poéticas surpreendentes.
 Recebi o físico da autora e fiquei encantada com a capa que mostra uma garota em pedaços tentando se reconstruir  e  da sua mente sai borboletas.  A autora é independente e fez todo processo de capa e diagramação sozinha e de maneira  linda, amei as ilustrações. 
  A dedicatória que ela me fez tem uma linda frase de Nietzsche, em que ele diz que é preciso algumas vezes ter um pouco de caos dentro de si para poder dar a luz a uma estrela dançante. O que me fez ficar com essa frase  na minha cabeça, e eu consigo entender que todos nós precisamos do caos para encontrar a calmaria e a luz. 

    Este livro é uma ode a fase de superação da autora. Por meio dele ela renasceu das cinzas e buscou no âmago do seu ser palavras, versos e estrofes que traduzissem sua alma em sentimentos, e aprendizados que levam o leitor a sentir uma montanha-russa de emoções enquanto continua a leitura.
  Penso que poesia para ser entendida precisa ser sentida, e eu consigo sentir na escrita da poetiza a sua dor, o seu crescimento, a leveza da vida que ela quer passar por meio das suas estrofes. 
  Joane precisou lidar com a depressão há anos, o quadro se agravou por um luto que se estende até hoje. Este livro representa uma vitória pessoal dela, e belíssima por sinal.
a autora  dedicou o livro aos seus pais.  Dia 15, além da data de lançamento do seu primeiro livro, é a data de aniversário de seu pai, ele faria 70 anos.  Esse é seu presente para ele. 

  Sobre a obra em si, Caos e Devaneios Poéticos centraliza seus temas no luto, na depressão e no sofrimento em seus mais variados tons. Também tem uma abordagem sensível, profunda, catártica, reflexiva, lúdica, com cuidado pincela temas como a vida, o amor, a amizade, a fantasia.
  Nesta obra inaugural, apresenta um pouco do meu mundo caótico e lírico por meio da poesia. Joane adverte: seu mundo é cheio de reflexões, de indagações existenciais, de “dragões” e fadas. A sua poesia não se importa com a coerência, se alimenta de devaneios e fantasias, com um ritmo ora manso, ora apático, ora rebelde
  Traz uma prosa com as notas do âmago (numa escrita simples, sem retóricas nem pompas). Em resumo, a poesia reunida nesta obra foi gerada por diversos lutos, por diversas lutas.
 

     Eu tive uma grande dificuldade em escolher as minhas poesias favoritas nessa obra porque amei todos os textos, e me lembrou autores como Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu, e Fernando Pessoa  por sua intensidade nas palavras, por sua forma de conversar com o leitor de modo a arrebatá-lo com o que ele está lendo.
     Foi difícil eleger alguns trechos de poesias para colocar aqui na resenha porque a Joane toca minha alma com tudo que escreve. Eu a acompanho nas redes sociais e me sinto enlevar pelos belos sentimentos que ela traduz de forma talentosa em versos. 


"Não consigo explicar,
Apenas sinto.
É uma sensação que rasga o peito.
Numa saudade dilacerante. 

Eu sou ferida vida. Eu sou chaga,
Tudo em mim dói. 
Pergunto-me aflita: O que sou?
Algo sussurra em meus ouvidos: " Uma borboleta".

( Filha do Leão).


Nesse poema a poetiza busca respostas para  a sua alma inconformada e entende que ela é livre para voar como uma borboleta. Toda dor se for enfrentada com resiliência traz crescimento. A vida é uma metamorfose constante. 

"Naqueles dias de caos,
De tristezas profundas,
Fazia terapia escrevendo
Sobre as dores mais fundas.

Lia, chorava e escrevia.

Ás vezes, ria de si mesma,
De como sempre sofria.
Além da dor, o que mais lhe cabia?

Criando histórias, extraindo versos,
Misturando o real com a fantasia,
Fazia rimas das próprias loucuras,
Dos devaneios, das suas idiossincrasias". 
( Dias de caos)

    Aqui a autora fala de como a escrita é terapêutica para ela. É a sua confidente, sua amiga, aquela que conhece as profundezas  do seu ser. A única que sabe transformar lágrimas, dor, sofrimento em palavras e lhe dar liberdade para sua alma. 
    Também comecei escrevendo em diários, depois contos, fiz poesias na época da recaída da minha depressão e me senti melhor quando ela deu uma estabilizada. 
    A escrita é um prazer e uma necessidade, é como respirar ou precisar da voz para cantar. A escrita transparece a alma do autor seja ele escritor de prosa poética, ficção ou não-ficção.

 

" A alma gemendo,
O corpo curvado.
A alma diz:
"Estou sofrendo.
Não tenho tempo
Para sarcasmos, ironias 
E disputas".
Preciso escrever.
Preciso expressar
A dor, a aflição"...
( Espetáculo da dor).

" Aquietou-se em  seu canto,
E sem mágica nem encanto,
Silenciou os prantos.

Escreve porque pensa.
Escreve  porque queima.
Escreve porque teima.
Escreve porque sente.
Escreve porque se acalma.
Escreve porque tem alma". 
( Só escreve). 

" A labuta é diária,
A luta é constante,
Mas tem hora que empaca,
E tudo volta como antes.

O sol já nasce escuro, 
As cores se tornam cinzas,
Acama já puxa o corpo,
A fé amanhece extinta
...Depressão é coisa séria;
Ninguém sofre porque quer".
( Recaídas)

" Espelho, espelho meu...
Por que quando te encaro, 
Não vejo quem sou Eu?
Meus dias já não são claros,
O que foi que aconteceu?
Vejo-me em enigmas,
Alguma coisa me transformou".
(Espelho)


    Nestes textos a autora descreve o que sente aquele que vive os dias preso no cárcere  mental ou na caverna interna da depressão, pois os dias são iguais e não há motivação para continuar, e a imagem que se vê no espelho  já não tem o brio de antes,  e o mundo lá fora ainda julga que é frescura, carência, falta de trabalho, preguiça, ou coisa assim.  

Mais alguns poemas impactantes:



Tabelas;
Horários;
Tic tac...
A rotina paralisa os sentidos.
E mais uma vez um dia se vai.
Acordar, levantar e seguir a rotina.
Hora de dormir. 
Hora de trabalhar. 
Hora de comer.
Hora de estudar." 
( Tic- Tac) 


" O medo cega.
O ódio cega. 
A indiferença cega.
O preconceito  cega. 
O desamor cega. 
A violência cega.

É dessa massa que somos feitos.
Metade indiferença;
Metade ruindade;
Meio mortos.
Meio vivos".
( Cegueira branca). 

" Ela vem do caos,
Do impulso de um vulcão em chamas,
Da fúria de um tornado em formação.
Ela vem da bonança,
Do toque suave de uma brisa matinal,
De leveza e graciosa de uma borboleta".

Ela é represa que transborda,
É casca que rompe,
É pássaro que rompe,
Ela é liberdade."
(Fada Exótica)

" Têm dias que está inspirada,
Mas têm dias que está  virada.
Vá logo se acostumando,
Ela é brisa e furacão.
Não tente defini-la,
Abra a mente e o coração.
Ela é fria e quente,
Verdade e contradição".
( Meu lado fada, meu lado fado). 



    Nestes textos a autora fala sobre diversos assuntos como a correia da vida, faz críticas a que nos cega como humanos, e mostra a beleza do seu ser que é uma mescla de caos, calmaria, intensa, e inesquecível com sua personalidade marcada. 

    Sabe aquela poesia que te emociona, que vai lá no fundo do seu ser? Aquela que você nunca mais esquece e que se identifica?  Pois é! Joane consegue te levar ao céu e ao mesmo tempo te derrubar em uma montanha-russa de sentimentos diversos. É maravilhoso e prazeroso poder lê-la. Ela te faz refletir sobre muitas coisas, prepare-se para uma imersão na alma dessa autora extraordinária. Encontrei poesias e prosas poéticas questionadoras, inspiradoras, emocionantes e inesquecíveis. 

   
"Palavras são gritos que ecoam dentro de mim; são revoluções que ganham vida e  forma no papel...Escrevo para vociferar as inquietações da alma; uma tentativa  de alargar  as conexões entre corpo, mente e espírito".


    Esse é o tipo de livro que me marca porque me sinto transformada mentalmente quando acabo uma leitura assim, me sinto evoluída como pessoa, e essa experiência é sensacional. Eu amo quando isso acontece. Essa é a magia extraordinária da literatura. Ela me transporta para outro mundo e me torna um ser humano melhor, mais empático, mais aberto ao diálogo, menos egoísta, e livros assim me mostram o lado bom da vida.

Obrigada, minha amiga pela cortesia, senti a sua alma nas entrelinhas, vi suas nuances nas palavras e me orgulho que tenha decidido dividir com o mundo tudo isso. Voa borboleta!

Amei e recomendo!


Joane Santana






Joane Santana é professora de matemática, apaixonada pelo mundo da Literatura e da Escrita. Caos e Devaneios Poéticos é o seu primeiro livro de poesias, faz parte de um projeto literário com mais outras três obras: Filhos da dor e da imaginação: contos. Sinto, logo escrevo: crônicas. Devaneios: versos, máximas e aforismos. 
Joane começou a escrever na fase adulta, por volta dos 25 anos; hoje, aos 34, faz da escrita seu instrumento de reflexão, de indagação e, principalmente, de superação. Joane é mãe de quatro gatos, valoriza os momentos simples e em família, coleciona livros e gosta de Filosofia.

Acompanhe a autora nas redes sociais 




2 comentários

  1. Você faz um trabalho tão lindo, tão precioso: ler, resenhar e indicar suas leituras. Gratidão, minha amiga! Caos e Devaneios Poéticos acaba de receber a primeira resenha, a primeira análise. É uma honra pra mim.

    Fico muito feliz que tenhas se identificado com a minha escrita. Toda vez que alguém diz se identificar com meus textos, eu sinto que ganhei não um leitor, mas um amigo, um irmão de alma. Essa é a parte mais bonita e gratificante para quem escreve. Ainda mais para quem busca relações genuínas. Você alegrou minha alma e meu coração com o seu lindo trabalho.

    Sou pura gratidão...

    Muito, muito obrigada pelo carinho, pela atenção, pela apreciação ao meu trabalho. Obrigada por indicar meu primeiro livro de poesias; obrigada por me associar aos grandes escritores/ poetas (amo a Clarice e o Pessoa!), estes que tanto me inspiram, diante do quais me sinto uma criança ("somos crianças, mas crianças que são herdeiras."). Sei que estou abaixo de todos eles, mas sou também um pouco de meus mentores, levo comigo um pouquinho de cada coisa que me marca, que me inspira, que me impulsiona a ser uma pessoa melhor.

    Pra você, minha admiração, meu carinho e meu abraço virtual.

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    1. Oh, minha querida, foi uma prazer ler seu livro e aprender tanto com você. Seus poemas cabem em cada etapa da minha vida, é um dos livros que me marcaram muito e de maneira especial.
      Você é uma grande escritora e é uma honra ter a sua amizade.
      Sim, eu te comparo com Pessoa e Clarice porque ambos são intensos em suas palavras, provocam reflexão e incômodo no leitor, e eu amo isso neles.

      Indico com prazer obras que me tocaram, e a sua está entre elas.
      Também te agradeço por indicar meu blog, a sua resenha teve o maior acesso que eu vi até hoje aqui, isso me deixou muito feliz.
      Estarei ansiosa pelo deleite de ler mais versos teus e mergulhar nos teus oceanos de palavras para me embriagar do saber.
      Quero continuar evoluindo como pessoa e livros como os seus me ajudam nisso.
      Um abraço!

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