Resenha: A água entre as chamas - Helen Cardoso Gaudencio

 

 

 Obra: A água entre as chamas

Autora: Helen C. Gaudencio 

Número de páginas: 451

Nota: 5/5

Ebook na amazon

Sinopse: Sob a esperança, a liberdade e a amargura, o destino tece os caminhos de três jovens.
Maya, uma sobrevivente da fome e da miséria, luta todos os dias para não ver perecer aqueles que ama. Carregando consigo sombras do luto e da desconfiança, a caçadora se depara com uma nova tempestade; e seguir em frente é mais que uma escolha,é, talvez, sua única esperança.
A mesma esperança que ilude os sonhos de Jane. Romântica incurável, a princesa se envolve com seu guarda; os ventos, porém, lhe trazem um noivado forçado. Entre o amor e o dever, a jovem se prende a uma teia de aranha e irá precisar de muito mais que coragem para se libertar.
E a liberdade já não existe mais na vida de Cecília. Cativa de suas amarguras, a criada habita no seio inimigo e enxerga na ganância de uns e no temor de outros a oportunidade de ruir aquilo que tanto odeia. Mas teria ela coragem de afogar em chamas seu infame coração?
Enquanto buscam atingir seus objetivos, o destino encarrega-se de pouco a pouco entrelaçar suas vidas em uma trama intrigante de paixões sombrias e sonhos impossíveis. 

     Oi, pessoal! Hoje a resenha será do livro "A água entre as chamas", da escritora Helen Gaudencio. Antes de qualquer coisa preciso apresentar a vocês como é o sistema desse universo da fantasia criada nesse livro. 

   OS REINOS

    A  história  gira em torno de três mulheres de diferentes reinos e eles estão interligados, então as histórias vão se cruzar em algum momento. Começamos com o reino da Jane,  uma princesa que contém uma partícula de uma poderosa deusa, ela é de Yonarffe, uma terra sem sol, um local que está sempre nublado, e que costuma nevar muito.

     Maya vivia em uma  tribo chamada Kiloa, localizada no reino de Graça. Este território não possui um sistema de governo porque pertence a Cinever e Yonarffe, pois ninguém quer largar o osso e todo mundo empurra com a barriga os problemas enquanto for possível ir levando tudo a banho Maria, ou seja, enquanto o povo de Graça não enfrentar seus "sanguessugas" nada vai mudar.

    Agora vamos falar de outro reino que é Kraís,  uma terra mágica, o reino das raposas. As mulheres soberanas lá são conhecidas por Kaffizas e os homens por Kaffs. Conquistar o trono de Kraís envolve estratégia, coragem, e muito sangue nos olhos, gente. Aquele que perder o trono não apenas também tem uma parte da sua magia absorvida pelo vencedor, então é um verdadeiro jogo mortal pela coroa. 

 

          A NARRATIVA  E A AMBIENTAÇÃO

    A obra é uma fantasia surpreendente e envolvente, tem uma linguagem fluída, poética e questionadora muitas vezes. Eu gostei de ver as metáforas utilizadas pela autora durante alguns capítulos. 

    A narração foi feita em terceira pessoa, recurso esse que nos permite ter uma perspectiva mais aprofundada das lendas, coisas do passado, detalhes importantes sobre os diversos personagens e  núcleos criados, já que falamos de uma história que  possui muitos conflitos acontecendo ao mesmo tempo, mas tenho que elogiar o brilhantismo da autora porque soube organizar isso muito bem de um modo que prende o leitor na narrativa.

    A ambientação da história foi muito bem escrita, as descrições foram perfeitas e me permitiram imaginar cada cenário conforme devia ser. Eu pude vislumbrar a terra de Maya, o mundo frio e triste de Jane, e  o reino ardiloso de Kraís, onde  a Cecília, uma mulher que é  uma mestiça trabalhava como uma serva das Kaffizas.

 

Resenha

     Maya Callado  é uma caçadora, tem habilidades de curandeirismo pelos ensinamentos de sua  família, e desde nova convive com as dificuldades da escassez de comida e de recursos no reino onde vivia. 

    Ela é corajosa, ousada e autossuficiente como as mulheres do seu povo, e após ataques e disputas de poder  ela se vê obrigada a recomeçar em um lugar seguro, ainda assim precisa enfrentar perigos, já que pode ser presa em armadilhas e caçadas por criaturas mágicas.

    Jane Lizzalde é uma princesa de Yonnarffe, ela tem um dom, uma partícula recebida de uma deusa poderosa, mas precisa descobrir como deve controlar esses poderes para que não sejam a sua ruína. A sua jornada incluí amadurecimento, ganho de coragem e autonomia para deixar de ser tão submissa e dizer mais o que pensa, precisa aprender a se impor mais contra as injustiças que engole calada.

 

"Mais simples que canalizar seus desejos era reprimi-los porque tinha medo.         A garota que queria mudar o mundo tinha medo de arriscar."

 

        Cecília Albish era criada em Kraís, a vida lhe ensinou de maneiras duras a não confiar cegamente nas pessoas, por isso ela acaba agindo muitas vezes de maneira dúbia, mas apenas porque antes de qualquer coisa é individualista, aprendeu a duras penas a ser uma sobrevivente naquele mundo. Lida constantemente com o preconceito por causa da sua cicatriz na face, mas maiores são as cicatrizes que a sua alma carrega. Ela é uma personagem que a gente não consegue detestar, a gente cria empatia por ela conforme vamos descobrindo mais sobre o seu passado. 

    Quando se vive em um mundo em que qualquer passo em falso pode te levar a ruína é preciso ser esperto e Cecília sabe muito bem como fazer isso, ela de boba não tem nada, meus caros.

    "Não era uma apaixonada ardorosa por livros, contudo lia por duas razões: Seu pai e porquê não queria ser escrava de ninguém. Ainda que fosse uma simples criada, ainda que um dia o seu corpo fosse prisioneiro, sua mente jamais seria."

        Victório é um personagem intrigante, frio e estrategista, alguém que faria qualquer coisa para manter todo o poder para si, é do tipo que age debaixo dos panos, o que fala baixo, mas faz um belo estrago por onde passa. 

    Inácio é um personagem sofredor,  espero que encontre as respostas que procura. Eu gostei dele, mas ainda espero por uma grande reviravolta para ele nos próximos livros, ele realmente ganhou minha simpatia. 

    Conrado Lizzalde é outro que tomou medidas drásticas  pelo que achou certo de acordo com as circunstâncias do momento, mas com  o tempo percebe que no mundo em que eles vivem não é a melhor opção agir de maneira impulsiva em nome de um bem maior. 

    Ainda espero que ele possa viver um amor  como merece ♥

    Gostei muito do fato de que a autora também trabalhou temas sensíveis como relação abusiva, e violência sexual, mas com cuidado quando a cena exigia, e eu a parabenizo por isso. Não achei que gera gatilho aqui, pelo menos não gerou em mim, mas vai de cada leitor. Ainda assim a obra apresenta o aviso sobre as temáticas sensíveis.

     Amei ver a representatividade tão bem trabalhada por aqui, não apenas temos o enfoque no protagonismo feminino, mas também temos uma personagem que gaguejava, que deveria ser boa em combate, mas falhava nisso, estava acima do peso e era motivo de escárnio entre os outros, por isso ela  precisou aprender como transformar suas dores por humilhações em combustível para dar a volta por cima e mostrar o seu valor, coisa linda, né?

    Outra coisa que me chamou a atenção foi ver a heterocromia sendo retratada na história, muito bacana ter livros mostrando essa condição que altera a pigmentação das íris dos olhos, o que faz com que eles tenham cores diferentes. Eu inclusive já  conheci uma menina de olho castanho e olho azul uma vez.

    Tenho que elogiar essa habilidade incrível de construir uma história com diversos núcleos, gente, pois isso não é moleza, haja talento! Admiro demais os autores que fazem isso e em fantasia então nem se fala, quanto mais personagens temos, mais desfechos temos que fazer.  

    Helen criou personagens maravilhosos, acho impossível não se identificar com as protagonistas em algum momento crucial de suas vidas. Se falar mais já era, rs. Então eu te convido a dar um pulo na amazon e conferir essa fantasia eletrizante.  Não perca tempo e venha conhecer esse universo fabuloso da Gaudencio.

Amei e recomendo!

Até a próxima! 









 

 

 

 

 


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