Páginas: 235
Editora: Globo
Oi, gente! Hoje eu trouxe uma resenha sobre esse livro que eu li nos últimos dias. Talvez pensem que neste blog eu só irei falar de literatura mesmo, ou seja, apenas livros de ficção, mas de vez em quando postarei sobre obras que eu leio sobre saúde mental usando alguns autores que confio muito, como por exemplo, o renomado Augusto Cury.
Ok, mas o que teria me levado a ler um livro sobre o transtorno de borderline? Bem, eu o comprei assim que o vi na saraiva, pois já pesquiso sobre o assunto há uns 3 anos, inicialmente era por curiosidade para compreender o assunto e escrever sobre ele, mas ano passado isso mudou. Comecei a ter mais vontade de estudar sobre isso depois que meu terapeuta me afirmou que eu tinha alguns traços do transtorno, pois ele também é psicanalista, então analisou tudo sobre a minha pessoa e todos os meus traumas. Por causa disso mergulhei de cabeça em todas as pesquisas até que finalmente encontrei esse livro, cujo soube dele primeiramente por que assisti vídeos e entrevistas da doutora em seu canal no youtube, e minha curiosidade foi aguçada para conhecer Mentes que amam demais- o jeito borderline de ser.
No decorrer da resenha vocês verão vários comentários e comparações com o que a doutora diz e os sintomas que eu tenho. Não tenho vergonha em falar disso, e muito menos o faço para atrair atenção ou para que haja uma comoção geral em relação a mim no público que me acompanha. Apenas quero aproveitar esse meio de comunicação para que eu possa ajudar outros adolescentes, jovens e pessoas que conhecem outros com esse mesmo problema, e assim tenham a oportunidade de procurar o tratamento por que só quando a gente realmente entende quem somos é que podemos lutar pela nossa felicidade. Então essa resenha será informativa e espero de todo coração que realmente ajude alguém com ela.
Ana Beatriz é uma médica graduada com residência em psiquiatria, e ela conta que o livro surgiu com a intenção de explicar este tema tão complexo hoje em dia, pois ele ainda é pouco conhecido e difundido pelos especialistas, muitas vezes ele foi erroneamente confundido com o transtorno bipolar.
Como não muitos livros sobre o assunto no Brasil ela se utilizou de uma bibliografia americana que contém um estudo há longo prazo. Conforme a entrevista que deu ao site Ig, ela afirma que pessoa.s com personalidade boderline geralmente trazem uma veia artística, pois são pessoas muito inteligentes, talentosas. Seja na arte do teatro, cinema, música, pintura ou escrita. Ela disse também que o transtorno não possui uma cura definitiva, mas há um caminho para uma vida tranquila através do autoconhecimento que pode ajudar as pessoas a amenizarem o sofrimento causado pelo transtorno.
Sinopse: Todos podemos sofrer uma explosão momentânea de raiva, tristeza, teimosia, instabilidade de humor, ciúmes, descontrole emocional e medo da rejeição. Mas quando comportamentos como esses se tornam frequentes, intensos e persistentes, acabam por dificultar a adaptação do indivíduo ao seu ambiente social e familiar.
Nesses casos, podemos estar diante de um quadro bastante complexo, instável e desorganizado, denominado Transtorno de Personalidade Borderline (TPB).
Vamos começar com a definição do Borderline para que vocês consigam compreender do que se trata.
"Todos nós apresentamos momentos de explosões de raiva, tristeza, impulsividade, instabilidade de humor, ciúmes intensos, apego afetivos, desespero, descontrole emocional, medo da rejeição, insatisfação pessoal. E, quase sempre, isso gera transtornos e prejuízos para nós mesmos e/ou para as pessoas ao nosso redor. Porém, quando esses comportamentos disfuncionais se apresentam de maneira frequente, intensa e persistente, eles acabam por produzir um padrão existencial marcado por dificuldades de adaptação do indivíduo ao seu ambiente social. Quando isso ocorre podemos estar diante de um quadro bastante complexo, confuso, desorganizado, denominado Transtorno de Personalidade Borderline (TPB)".
Borders como são chamados costumam ser tão intensos que a vida com eles pode ser tudo, menos tranquila. São exagerados em tudo que dizem, fazem, pensam, agem e sentem.
Boderline é uma palavra inglesa que significa fronteiriço, ou à beira do limite. Os boders vivem literalmente nos limites.
O primeiro limite é facilmente notado por que diz respeito às emoções.
"É como se eles tivessem no limite de uma hemorragia emocional, que vez ou outra sangra a alma, e não raro, o próprio corpo".
Como uma esponja emocional os borders podem ficar deprimidos imediatamente após um acontecimento frustrante, sobretudo quando ele envolve rejeição afetiva, como por exemplo, o término de um relacionamento amoroso ou um desentendimento típico de casais.
De forma imediata e intensa o border também pode entrar em um estado de euforia diante da possibilidade emocional ou profissional que seja por ele compreendida como uma chance de aceitação ou aprovação de sua aparência, sentimentos ou talentos. Os borders dependem desses referenciais de desempenho imediato, já que eles têm muitas dificuldades para se autoavaliarem.
"As variações de humor dos borders estão presentes no dia a dia desde sempre e não se limitam a fases extremas e pontuais, como acontece com a bipolaridade, por exemplo".
Os borders são hiperativos emocionalmente, eles não ficam ansiosos ou angustiados, eles já são assim normalmente. Eles não lidam muito bem com qualquer tipo de adversidade, principalmente as que envolvam rejeição, desaprovação, abandono, até mesmo as imaginadas ou erroneamente percebidas. Não é difícil imaginar que quando eles se deparam com situações traumáticas, a reação de estresse mais intensa é desencadeada, muito mais do que a esperada.
A associação de Psiquiatria Americana (APA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), estimulam que 2% da população mundial tenha esta forma de ser, pensar e agir. Apenas no Brasil o número corresponderia a mais de 4 milhões de pessoas, de acordo com os dados do IBGE em 2010.
Desse total, 75% são mulheres, e numa proporção de 3:1; ou seja, três mulheres para cada homem acometido.
Borderlines possuem uma volatilidade que marca a autoimagem deles de modo que os tornem facilmente influenciáveis pelo ambiente e outros ao redor. Poderíamos denominá-los em outro contexto como " maria vai com as outras", já que eles possuem muitas incertezas e indecisões ao que diz respeito às suas vidas. Então acabam aderindo a personalidade do grupo ao qual tenta ser aceito.
Agora que já entendemos o básico do assunto, podemos falar de algumas disfuncionalidades do transtorno.
Disfunção emocional
- Hiperatividade emocional - Excesso de sensibilidade apresentado por essas pessoas diante estímulos emocionais negativos. Elas lidam muito mal com crítica; observações desfavoráveis que podem desencadear crises de raiva e fúria.
- Instabilidade afetiva- Estado emocional agitado decorrente de frustração, rejeição ou sentimento de abandono. Quem nunca se pegou dizendo isso sobre um colega ? "Fulano é de lua, nunca se sabe como ele vai estar".
- Humor e equilíbrio emocional em constante oscilação- Uma mínima palavra mal- empregada é capaz de tirá-las do sério de verdade. Seu humor oscila de maneira rápida e abrupta ao contrário dos outros transtornos.
- Ira intensa inapropriada - Reação desencadeada por frustrações e decepções. O descontrole emocional nessas horas pode surpreender as pessoas ao redor.
- Sentimento de vazio ou tédio - Eles experimentam essa sensação de que a vida não tem graça por que suas mentes vivem em constantes tempestades.
- Sentimento de ódio, ira e vergonha de si mesmo - Constrangimento e autorrepulsa ocorrem após acessos de fúria. Depois de uma crise eles ficam com culpa e remorso, o que contribui para rebaixar sua autoestima.
Disfunção cognitiva
- Incapacidade de manter pensamentos estáveis - Os borders mudam de ideia o tempo todo, são tidos como indecisos.
- Autoimagem instável - Algumas vezes eles se acham um máximo, outrora pensam que são um nada, e se sentem incapazes de realizar qualquer coisa. Essa falta de identidade pode ser vista nos versos Álvaro de Campos:
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
... Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
... Eu que não tenho mais nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo...
... Nem sei bem se sou eu quem em mim sente".
- Pensamentos antecipados de abandono - Borders costumam ruminar constantemente sobre a possibilidade de uma possível separação, seja ela conjugal ou com amigos. Eles se esforçam o tempo todo para evitar isso, exigem amor e afeto continuadamente. Essa característica resulta em alterações profundas de autoimagem, sentimentos depressivos, hostis, ansiedade e angústia.
- Temor excessivo de sofrer rejeição - Os borders são muito inseguros, mesmo que não demonstrem isso. Tendem a distorcer diálogos e interpretar as falas como rejeição, e isso eles não toleram.
- Seus objetivos acompanham suas instabilidades emocionais e afetivas - Muitos borders podem tem excelentes desempenhos profissionais e grandes realizações pessoais quando acreditam que suas relações interpessoais estão estáveis. Ou podem facilmente se entediarem, procrastinar seus projetos e desistir do que planejaram fazer.
- Não suportam ficar sozinhos - Os borders precisam de companheiros amorosos para se sentirem completos. Eles relacionam a solidão com o modo como são amados ou assistidos por seus parceiros.
- Ideias paranoides transitórias; despersonalização, perda de senso de realidade ou sintomas dissociativos - Os borders apresentam delírios de que estão sendo perseguidos, que tem um complô contra eles, ou ainda, de que existem pessoas em diversos ambientes falando mal deles. A despersonalização trata-se do fato de que a pessoa são se sente mais confortável em relação a si mesma, ela não sabe mais quem é. Está muito confusa mentalmente.
Disfunção comportamental
- Necessidade de controle extremo - Por causa do caos interior em que vivem eles precisam de alguma coisa que lhes dê a sensação de equilíbrio quanto ao ambiente ao seu redor. Isso os deixa em constante estado de alerta, e resulta em níveis elevados de ansiedade, estresse, hiper-atividade, explosões, acessos de raiva, ira, etc.
Para exercerem o controle de que precisam, os borders se utilizam de alguns dos seguintes recursos: uso de drogas; promiscuidade, compulsão por compras , compulsão por comida, por jogos, e a prática de direção arriscada, etc.
- Padrões de aparência constante - Quando se trata do estilo de se vestir, os borders são uma completa metamorfose ambulante. O estilo deles oscila de acordo com as circunstâncias, as amizades ou envolvimentos amorosos. Por exemplo: Se a garota começa a andar com pagodeiros, logo ela vai rapidamente introduzir a maneira de falar do seu grupo, assim como as suas vestimentas e vai frequentar os lugares que eles forem. Se ela se apaixonar por um surfista ela vai se jogar no mundo dele, e é bem capaz de aprender o esporte para agradá-lo. É como se a personalidade dela sugasse as características da pessoa com que ela se envolve.
- Comportamento recorrente de automutilação ou tentativa de suicídio - Os cortes na pele podem ser feitos com objetos cortantes, ou o flagelo é feito com cigarro e demais queimaduras. A dor física parece ser mais suportável do que a dor emocional que essas pessoas sentem. Normalmente as pessoas que tem o costume de cortar os pulsos e se ferirem usam blusas de manga longa e calças mesmo quando calor é infernal.
Um bom exemplo sobre isso é o do filme Garota interrompida, protagonizado por Winona Ryder. Ele é baseado no livro autobiográfico de Susanna Kaysen. Conta a história de uma garota que foi internada em hospital psiquiátrico por que era excêntrica. Apesar de ser filha de pais ricos, ela era rebelde, insubordinada, sentia-se inadequada naquele mundo. Teve vários parceiros sexuais e desde muito cedo pensava frequentemente na própria morte, e em situações de muito estresse, angústia e sofrimento ela lesionava a si mesma. Tentou suicídio aos 18 anos quando feriu o próprio pulso, e ingeriu um litro de vodka e vários comprimidos de aspirina. Ela foi diagnosticada com transtorno de borderline e ficou internada por dois anos, período em que conheceu outras meninas com vários transtornos e através da amizade encontrou forças para superar suas dificuldades.
- Tendência ao isolamento - Após ataques de fúrias ou frustrações afetivas e emocionais, como términos de relacionamentos ou problemas profissionais, os borders podem ficar dias reclusos em seus quartos ou mesmo sem sair de casa por um período longo.
Agora que alguns aspectos importantes já foram explicados, a seguir temos um resumo dos sintomas:
- Sensação crônica de vazio e de solidão.
- Frequente comparação a outros, com uma visão autodepreciativa.
- Dificuldade em expressar suas necessidades e seus sentimentos.
- Facilidade em serem influenciados e manipulados, assim como tendência a manipular as pessoas ao redor para ter controle externo das situações.
- Estilo de se vestir variável e instável, como seus afetos
- Impulsividade potencialmente perigosa ( gastos excessivos, compulsão alimentar, direção perigosa, uso de drogas, uso de álcool, etc.)
- Ira inapropriada e intensa dificuldade em controlá-la.
- Ideias paranoides transitórias relacionadas ao estresse ou sintomas dissociativos graves.
- Alteração de identidade: instabilidade acentuada e resistente da autoimagem ou do sentimento do self.
- Padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos.
- Esforços gigantescos para evitar um abandono real ou imaginário.
- Ameaças, comportamentos suicidas ou comportamentos de automutilação.
Causas
- Familiar- O transtorno é cerca de cinco vezes mais comum em parentes biológicos de primeiro grau de pessoas que sofrem com o transtorno.
- Fisiológico - Alterações cerebrais que causam falhas no controle dos impulsos e do humor.
- Ambiental - Abuso físico e sexual, negligência, dificuldade em lidar com perdas de parentes próximos. E o uso de substâncias como drogas e álcool pode exacerbar os sintomas em quem já tem traços do transtorno.
Existem o que a doutora chama de borders atípicos, ou seja, aqueles que apresentam apenas algumas características do funcionamento border, mas são insuficientes para preencher todos os critérios para fechar o diagnóstico preciso. É o que ela chama de traço Border, que é o meu caso segundo a minha psicóloga que me analisou com o DSM 5, o manual dos transtornos mentais, e me disse que realmente só tinha alguns sintomas, então apenas teria que controlá-los, mas não era nada tão absurdo que não pudesse ter uma vida normal.
"A autoestima dos adolescentes boderlines é muito baixa. Eles se veem como jovens feios, incapazes, burros e maus... É comum terem o tipo de pensamento de que não valem nada e ninguém pode gostar deles, ou que nunca serão felizes de verdade, e deveriam desaparecer".
A impulsividade e a irritabilidade são características muito recorrentes no processo de fúria dos borderlines, especialmente na adolescência que é o momento em que o transtorno tem seu início naqueles que tem pré- disposição genética a desenvolvê-lo, e também pode ser ocasionado por gatilhos impulsionados por traumas de infância e na adolescência.
" Para o border, perder o outro é perder a si mesmo, é deixar de ser".
O córtex pré-frontal é quem regula a impulsividade, portanto esta parte no cérebro desses indivíduos apresenta disfunções que prejudicam o filtro para frear os impulsos que essa região recebe diretamente do sistema límbico. Sem este " freio" é como se os impulsos fossem um carro desgovernado que pode provocar sérias consequências para a pessoa e os outros ao seu redor.
A irritabilidade é um tipo de estresse que libera substâncias no corpo como um alerta, o prepara para um possível combate, uma reação de luta ou fuga. A descarga de adrenalina confunde o córtex pré- frontal e isso impede que ele reduza a cascata de estresse gerada no corpo, então desastres acontecem. Por isso que muitos pais de adolescentes desistem de enfrentar os filhos com esse tipo de atitude, pois ficam esgotados mentalmente. Ficam cansados de lidarem com as explosões dos filhos e não sabem como ajudá-los.
Os ataques de descontrole podem fazer com que as pessoas mordam, vandalizem propriedades alheias, batam o carro de propósito, tranquem-se no quarto ou no banheiro. Em casos mais graves elas podem se jogar na frente de carros em movimento, ingerir remédios em excesso, agredir pessoas ao redor com objetos cortantes, tentar suicídios e etc.
"O vazio afetivo dos jovens borders é tão grande que eles vivem em um estado permanente de carência, mesmo que sejam profundamente amados e cuidados por seus familiares."
O transtorno de borderline varia grandemente em intensidade e em como se manifesta. Pode-se dizer que existe uma espécie de "espectro borderline" que varia em tons e matizes que vão desde estar, parecer ou ser border.
O estar border pode ser compreendido por qualquer um que tenha sofrido a dor de um amor desfeito. Sente-se frustração e decepção, há a presença de humor instável e depressivo, há momentos de saudade, raiva, mágoa, autodepreciação, e sensação de que a vida não é a mesma sem a pessoa que se ama. É a nossa clássica fossa, a dor de cotovelo, ou dor pós- término. Esse é um estado border de sentir a vida. Aquela fase que a gente não quer fazer nada, que a gente só chora ouvindo as músicas mais tristes que existem. Depois de um tempo a gente sacode a poeira e segue em frente, pois as feridas se cicatrizam.
O parecer border são pessoas que possuem alguns sintomas característicos do transtorno, ou vários deles. É o que costuma-se denominar como " traço".
Assim como num desenho que é formado por traços e linhas, os sintomas são indícios de que é necessária uma avaliação precisa do paciente para estabelecer o diagnóstico. O fato de alguém apresentar traços borderline não significa que ele não precise de orientação e tratamento, o que determina a necessidade do uso do tratamento é se o paciente apresenta níveis significativos de desconforto que permeiam e limitam a sua vida e das pessoas com as quais ele convive.
A autopercepção mais eficaz das pessoas com traço border as tornam mais suscetíveis a buscar ajuda e por isso os resultados terapêuticos são excelentes e elas podem alcançar mudanças expressivas em suas vidas.
"Como castelos de areias construídos à beira-mar, o " amor" borderline é sujeito às ondas que, inevitavelmente, desmancham seus alicerces... Sua vida é repleta de súbitas mudanças de opinião, planos, carreiras profissionais, valores, escolhas de amizades, e até de parceiros sexuais.
O Ser border é muito mais complexo do que lidar com aqueles que apenas têm o traço border.
FAMOSOS COM POSSÍVEIS TRAÇOS BORDERLINES
Amy Winehouse- Explosiva, encrenqueira e talentosa.
A cantora inglesa era uma diva do pop e da soul music, e tinha um look excêntrico desde as roupas, maquiagens e penteados únicos, eram sua marca registrada. Vivia com os olhos carregados de rímel e delineador, tinha muitas tatuagens, tinha um jeito rebelde, desafiador e " superlativo de ser".
Ela era fã de Frank Sinatra e aos 14 anos comprou um violão e começou a tocar em pubs londrinos até que foi descoberta pela Island Records e se tornou uma estrela.
Era dona de uma voz e talento extraordinários, o furacão Amy decolou na carreira aos 19 anos. Mas sua vida artística era permeada por escândalos envolvendo o uso de drogas, brigas com seus parceiros, e inclusive um repórter lhe questionou a razão das cicatrizes feitas por cortes no seu ante braço esquerdo, e ela lhe disse que eram de uma época ruim e desesperadora, ainda que eles parecessem recentes na época.
Em 23 de julho de 2011, com apenas 27 anos Amy foi encontrada morta, em Londres.
MARILYN MOROE - Bela, Sexy e Imortal
Marilyn Moroe se tornou a beleza e a sensualidade de Hollywood, e cativou a todos que a viam.
Ela foi descoberta por um fotógrafo, e assim iniciou a carreira de modelo, mas apenas em 1946 realizou seu sonho de ser atriz. Foi aí que tingiu os cabelos de louro platinado e mudou seu nome de Norma Jeane ( nome de batismo), para Marilyn Moroe definitivamente. Esteve em vários filmes, se envolveu com um diversos homens como jogadores de beisebol, dramaturgos com quem viveu uma paixão obsessiva e conturbada, mas o desejo dos homens que ela provocava sempre suscitava muitos ciúmes e fúria em seus maridos, por isso ela sempre casava e se separava pouco tempo depois. Ela era instável emocionalmente, insegura, insubordinada, tinha crises de depressão, chegou atrasada nas gravações por diversas vezes, esquecia as falas, se atrapalhava nas filmagens, não respeitava seus colegas. Tentou suicídio por três vezes, fez dois abortos e se " equilibrava" para ter uma vida perfeita usando calmantes, anfetaminas e álcool.
Na manhã do dia 5 de agosto de 1962, aos 36 anos, a mulher que era considerada a mais sexy do século XX foi encontrada morta em sua casa, na Califórnia. Segundo os resultados da autópsia a morte teria sido causada pela ingestão de barbitúricos que teriam ocasionado uma overdose.
ELIZABETH TAYLOR - Filmes, vícios, luxo e oito maridos
Elizabeth Taylor é uma das mais lindas e encantadoras atrizes de Hollywood e aos 10 começou a sua carreira na Universal Studios por que seus olhos raros azuis-violetas atraíram a atenção de um amigo de sua família, e ele lhe indicou para os testes no cinema.
Ela participou de filmes famosos como Assim caminha a humanidade, Um lugar ao sol, Quem tem medo de Virginia Woolf, entre outros. Apesar de ser muito talentosa ela acabou sendo conhecida também por sua personalidade forte, explosiva, temperamental, e teve sua vida marcada por escândalos amorosos, doenças, dependência de àlcool e medicamentos, língua afiada, inseguranças e depressão.
Liz casou oito vezes, pois seus relacionamentos sempre eram turbulentos. Ela foi casada com Richard Burton ( por duas vezes), Nick Hilton, Michael Wilding, Michael Todd e Eddie Fisher.
Por inúmeras vezes, Elizabeth foi submetida a internações em clínicas de desintoxicação, e em 1991 casou-se pela oitava vez com um operário da construção civil ao qual ela se apaixonou, mas ambos se separaram em 1996. A vida dela foi cercada de glamour e luxo, era muito vaidosa, mas teve que lutar contra muitas doenças como câncer de pelo, tumor no cérebro, insuficiência cardíaca crônica, etc. Ela faleceu aos 79 anos, em 23 de março de 2011.
Há mais alguns famosos diagnosticados com o transtorno borderline, como por exemplo Monique Evans, Britney Spears, Angelina Jolie, Lidsay Lohan, Lady Di, e Demi Lovato que admitiu que automutilava desde os 11 anos.
"No que tange à personalidade boderline, traços leves ou até moderados poderiam, de alguma forma, dotar o indivíduo de certas habilidades singulares como hipersensibilidade artística expressa em cantos, letras, melodias, pinturas, poesias, escritas ficcionais, interpretações de personagens diversos, oratórias contagiantes e entusiasmadas, retóricas desafiantes. É absolutamente compreensível a facilidade artística dessas pessoas, já que possuem uma verdadeira ebulição emocional repleta de sentimentos e sensações e, ao mesmo tempo, apresentam uma autoimagem e uma identidade muito frágeis e inconstantes...
... É bastante comum admirarmos o trabalho de artistas com esse traço de personalidade. Eles conseguem nos despertar emoções tão profundas e intensas, que vê-los em ação é como entrar em contato com sentimentos e sensações que só é possível imaginar, pois temos grandes dificuldades de vivenciá-los no dia a dia".
ONDE EU ME ENCAIXO NISSO? E O QUE ACHEI DO LIVRO
Apenas 10 anos depois foi que eu finalmente soube que eu tive o transtorno de boderline de uma maneira mais forte na adolescência. Após uma análise profunda sobre tudo que aconteceu com a minha psicóloga e com o psiquiatra, ambos chegaram a essa conclusão que seria muito melhor ter procurado ajuda em 2009 quando tudo aconteceu. Já contei a história da minha depressão na segunda parte da resenha da antologia que eu participei sobre o tema " Quando a escuridão bate à porta", da editora Sinna. Vejam lá depois se tiverem curiosidade.
Mas resumidamente eu vou contar a minha história para que entendam quando foi que o comportamento border tomou conta de mim.
Eu percebi que desde os meus 13 anos me tornei mais explosiva, não suportava me frustrar, detestava quando as coisas não saíam como eu planejava, vivia sempre ansiosa e tentava agradar à todos, sobretudo a minha mãe que para mim parecia impossível fazer isso. Eu tinha complexo de inferioridade por causa das comparações que ela fazia sobre mim e outras pessoas, eu me sentia sempre inferior, como se nada do que eu fizesse fosse suficiente para agradá-la, e isso me destruía por dentro.
Era uma adolescente solitária, não tinha muitos amigos, apenas colegas, e usava a escola para esquecer meus problemas. Eu desconfiava que meu pai escondia alguma coisa, e então em 2009 veio a bomba: o diagnóstico de que ele ficaria cego em breve.
Foi como se um cratera se abrisse e me engolisse, perdi minha esperança, minha fé, perdi tudo, a vida foi se esvaindo como água pelos meus dedos. Eu entrei no estado de negação, eu não conseguia aceitar que aquilo ia acontecer com ele, e não me via sendo feliz na vida com ele sofrendo daquele jeito por causa do glaucoma que acabou com o resto de visão que ele ainda tinha.
Na época minha mãe bebia para esquecer seus problemas, e eu apesar de não concordar com isso, não a julgava. O mundo pesava nas minhas costas e o peso era insuportável.
Me tornei rebelde, agressiva, respondona, atrevida, ousada, mudei radicalmente de menina certinha para garota popular na escola, e para continuar naquele grupo eu tinha que agir como elas, me vestir como elas, falar como elas, enfim seguir as orientações mesmo que significasse perder meus valores com o que a gente tinha que fazer.
Na escola eu era quase uma Marilyn Moroe, uma personagem sorridente, atraente, divertida, e tudo mais. Em casa eu me despia do papel e apenas chorava. Chegou um momento em que eu não sabia mais quem eu era, o exato momento mencionado anteriormente como confusão de personalidade.
Eu fiz coisas por puro impulso para sentir adrenalina como a maioria dos borders, eu queria " curtir" a vida enquanto eu ainda tinha uma, vamos dizer assim.
Estava com 14 anos e mergulhei em uma profunda depressão que me deixou dias sem me alimentar direito, não queria ver ninguém, odiava a mim mesma e tinha muitos pensamentos negativos, tinha pesadelos e crises de ansiedade à noite, sentia falta de ar.
Cheguei a pensar que se eu morresse seria um alívio para os meus pais, eu não seria mais a
" ovelha negra" e não daria mais tanto trabalho e desgosto para eles, já que a minha mãe desejou que não tivesse nascido por que se decepcionou com a minha conduta, na visão dela eu tinha decidido jogar a minha reputação no lixo e me tornado uma qualquer. Ela não entendia que eu era uma vítima, e que precisava de atenção e não julgamentos. Mas não a culpo por isso, e hoje ela sabe os motivos que me levaram a tomar aquelas atitudes tão estranhas na época. Levamos anos para construir a relação de diálogo que temos hoje.
Pensei em me cortar algumas coisas, mas não o fiz por medo por que uma amiga minha tinha ido parar no hospital após cortes profundos nos pulsos. Eu não queria que achassem que eu teria tentado acabar com a minha vida, por mais que estivesse sofrendo muito por dentro.
Depois de um tempo busquei ajuda no resto de fé que eu ainda tinha para seguir em frente, e virei a página, mas o transtorno me seguiu e continuou me deixando vulnerável.
Fui estudar em uma escola técnica e bem conceituada no município, cheguei lá me arrastando, eu chorava quando recebia o boletim por que ia m muito mal nas disciplinas que eu era boa como em humanas, eu pensava em desistir e achava que eu não era boa o suficiente para estudar ali, mas minha mãe me incentivava a me dedicar mais e me superar, e o meu namorado ( hoje meu marido) também me dava forças para tentar acreditar em mim mesma, e apenas um ano e meio depois foi que finalmente senti que peguei o ritmo da escola e consegui prosseguir ali.
Depois fui para a faculdade, me casei, e volta e meia sempre tinha crises, explodia por qualquer coisa, chorava por tudo, me isolava com qualquer discussão que eu tivesse com meu marido, ou uma palavra mal colocada por um familiar já me aborrecia a ponto de estragar todo o meu dia.
Percebi que todos os meus dias tinha oscilações de humor, eu começava o dia bem, mas depois podia me frustrar com a alguma coisa e ficar nervosa, e terminava o dia no meu costumeiro estado melancólico de ser.
Só descobri que realmente tenho traços do borderline ano passado por causa da terapia para depressão-pós- parto.
Esse livro abriu a mente sobre o assunto e me fez compreender muito mais sobre o transtorno do que eu sabia antes.
Os sintomas que eu tenho são: Oscilação de humor, irritabilidade, paranoia com perseguição, que aliás me rendeu sérios problemas há alguns anos por que eu tinha certeza que havia um motim contra mim, que eu era motivo de piada alheia na internet e tinha que defender daquelas pessoas, hoje eu rio dessa loucura toda, mas na época me rendeu meses num verdadeiro inferno. A mania de perseguição ainda foi presente quando fiz um curso para complementar a minha graduação, eu me sentia excluída da sala, não gostava que algumas meninas me olhassem de maneira estranha ( risos), quando ninguém falava comigo já ficava chateada e achava que eu era invisível, nossa era tudo muito intenso! É horrível não ter controle do que você sente.
Também percebi que desde 2015 desenvolvi compulsão alimentar, na época chegava a comer sozinha uma caixa enorme de batata fritas e outras porcarias, eu descontava a minha frustração de não conseguir um emprego decente na minha área na comida. A comida me dava um prazer que eu não sentia de outra forma, e isso me rendeu quase 18 kg de 2015 para 2016.
Eu lutei muito contra a minha compulsão por doces e porcarias, e por compras para me sentir feliz quando estava mal, por algum tempo consegui controlar as duas, mas depois que engravidei no fim de 2016 a depressão voltou com tudo, e a compulsão junto.
Eu ficava muito nervosa o tempo todo, então precisava dos doces para me acalmar.
Me sentia escrava do chocolate, e isso não era nada bom. Não sei como não tive diabetes gestacional ( risos).
A gravidez alterou muito meu corpo e eu tive dificuldade em aceitá-lo por causa disso, o que denunciava meus problemas antigos com a minha autoimagem, pois desde 2015 não me sentia satisfeita com meu corpo e não gostava de me ver no espelho.
Fiz academia por alguns meses no ano passado e isso me ajudou a perder o peso que eu não conseguia de outra forma. De 75 kilos consegui voltar para os 64 kg com o tempo.
Hoje eu sigo lutando contra meus impulsos, tentando vencer as minhas crises que às vezes aparecem para encher o saco ( risos), mas nada como um dia após o outro.
Esse ano pretendo voltar para a terapia para entender meus gatilhos a fim de aprender me controlar, pois não quero que aconteça comigo o que ocorre com alguns borders: ser inconstante profissionalmente. Alguns deles nunca conseguem ficar muito tempo na mesma empresa, sempre acontece alguma coisa e eles pedem demissão. Eu quero construir a minha carreira como tudo mundo deseja e para isso preciso conhecer bem a mim mesma e os meus limites.
Espero que vocês tenham gostado da resenha que ficou enorme ( risos) e peço desculpas por isso, mas não tinha como resumir.
E também espero que a minha história possa ajudar alguém que precise.
Beijos!
Ana Beatriz Barbosa Silva. |
Isso mesmo, Gih, continue assim!!! Mesmo com todos perrengues, ainda consegue parar para pensar nos outros e mostrar algo que pode ajudar ao próximo. Em vez de ficar quietinha em seu canto, como nada ocorresse, prefere compartilhar com as pessoas o que te ajudou nem que seja um pouquinho. Parabéns, mulher forte, guerreira, mãe e empática!!!
ResponderExcluirQue lindas palavras, obrigada meu amigo. Eu me importo muito em ajudar os outros através das minhas experiências. Fico muito feliz em ler seus comentários, viu? Bjs
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