Resenha: Mil beijos de garoto- Tillie Cole

 


Obra:  Mil beijos de garoto 
Autora: Tille Cole
Editora: Planeta
Número de páginas: 424
Nota: 5/5

Sinopse: A estreia de Tillie Cole no Brasil, com o livro finalista em 2016 do Goodreads Choice Awards
Um beijo dura um instante.
Mas mil beijos podem durar uma vida inteira.
Um garoto.
Uma garota.
Um vínculo que é definido num momento e se prolonga por uma década.
Um vínculo que nem o tempo nem a distância podem romper.
Um vínculo que vai durar para sempre.
Ao menos era o que eles imaginavam.
Quando, aos dezessete anos, Rune Kristiansen retorna da Noruega para o lugar onde passou a infância – a cidade americana de Blossom Grove, na Geórgia –, ele só tem uma coisa em mente: reencontrar Poppy Litchfield, a garota que era sua cara-metade e que tinha prometido esperar fielmente por seu retorno. E ele quer descobrir por que, nos dois anos em que esteve fora, ela o deletou de sua vida sem dar nenhuma explicação.
Este romance, finalista do Goodreads Choice Awards 2016, marca a estreia da adorada escritora Tillie Cole na ficção young adult. É também seu primeiro livro publicado no Brasil.


    Oi, pessoal! Hoje trago a resenha de um livro maravilhoso, destruidor, intenso, mas mil vezes incrível também. Mil beijos de garoto é a primeira obra de Tillie que conheci e confesso que virei fã dela,  com certeza lerei outros livros dela, pois sua escrita é muito tocante, e amo livros no estilo desse romance YA.
    Esse livro ficou bastante famoso entre os booktoks, o que  me gerou bastante curiosidade de tanto que vi eles falando sobre ele por lá. Eu percebi que deixou muita gente dividida, alguns gostaram e relevaram algumas coisas, outros já partiram para percepções extremas e achei até meio exagerado esses comentários, mas é aquela velha história, um livro não vai agradar gregos e troianos. Eu posso ter amado e outros podem ter odiado, faz parte.
    
    Rune era um garoto muito novo quando se mudou da Noruega para EUA e passou a ser vizinho da Poppy. Eles logo se tornaram amigos e ela trouxe a sua luz para a vida dele. A amizade foi se fortalecendo e se tornou amor na infância, afinal, quem disse que amizade não é um tipo de amor? 
    É agora que queria ser só amorzinho, mas me vi obrigada a defender outro ponto de vista porque me incomodei com os mimizentos de plantão que interpretaram o livro como uma romantização de relacionamento infantil. 😒

    E quem é que nunca teve uma paixão com oito ou dez anos? Todos nós já tivemos um crush em alguma pessoa que a gente convivesse bastante, fosse um vizinho ou um colega de classe, ou será que fui só eu sofrendo de paixonite na quarta série ? 😂 😂  Pelo amor, sério? Atire a pedra quem nunca teve um crush na infância, gente! 
     É por isso que me irritei com a galera que problematizou o livro porque eles se beijaram com oito anos, sei lá, o fato de gostar muito de uma pessoa tem mais a ver com admiração, compatibilidades, conexões, não quer dizer que a criançada vai sair aprontando, ué? 




     Esses mesmos talvez viram o filme "Primeiro amor", aquele com o garoto que morreu ao ser picado por uma abelha,  que tem uma cena de beijo de crianças e vem encher o saco criticando.😂   Desculpa gente queria que a minha resenha fosse só fofinha, mas não deu 😂 
    
    

    
    Claro que por um lado a gente não pode passar pano totalmente para o fato de que crianças não namoram. Eu relevei porque acredito que existem amores que vão durar muito, e a conexão entre eles foi tão intensa, tão linda, que deixei pra lá isso, não levei ao pé da letra porque a realidade não tem que seguir a ficção. O filme é esse do gif acima. Aqui a gente mata a cobra e mostra o porrete ou melhor as provas 😂 
    Poppy só queria honrar o desejo da avó e viver um grande amor, receber muitos beijos de um garoto que ela amasse e guardar essas lembranças num potinho. 

" Ela sabia que me tinha, tanto quanto eu a tinha. Éramos tudo que precisávamos". 

    Talvez o Rune seja um pouco ciumento e controlador, não posso discordar disso porque ele  já no começo não quis deixar ela beijar outro garoto, mas quando disse isso era um menino de oito anos, e o povo vem dizer que ele foi abusivo... Se ele foi possessivo ou não com ela preferi não focar nisso e sim no resto. 
    A personalidade dele na adolescência foi afetada por uma rebeldia que ele já tinha e tentava controlar. É como ter dentro de si uma bomba pra detonar a qualquer instante e alguém desativá-la e a Poppy era essa pessoa a meu ver. Seria melhor que os pais o colocassem numa terapia pra ajudar a controlar seu lado explosivo e destrutivo,  talvez um pouco mimado em alguns momentos, e nisso foram relapsos, mas tentaram fazer o seu melhor. Apesar disso gosto do Rune, ele tem facetas admiráveis e tudo que fez por ela o faz digno de amá-lo. Eu tenho uma queda por personagens quebrados, não tem jeito mesmo, eu me rendo ao meu gosto por bad boys,  e por isso eu o amei. Ele não é perfeito, mas ele faz o melhor que pode com que tem.
    Poppy o ajudou a neutralizar a sua escuridão e ver a vida de outro ponto de vista, o fez se reconciliar com sua família, e tentar viver da melhor forma que pudesse mesmo que ela não estivesse mais ao seu lado por causa do câncer. 

    "Naquele momento, eu não tinha certeza de quem estava ajudando quem. Pois, por mais que a Poppy insinuasse que era eu quem a ajudava em seus meses finais, eu começava a acreditar que ela estava de algum modo me salvando". 

    A fé da Poppy a fazia ter otimismo e resiliência para enfrentar o câncer com mais tranquilidade dentro do possível. Ela tentava aproveitar cada  minuto ao lado dos que amava, e Rune lutou o quanto pôde para que ela tivesse memórias inesquecíveis antes de partir. Muita gente não gostou do livro e o achou meloso, mas eu achei maravilhoso mesmo e me identifiquei com a Poppy, a diferença entre ela e a Hazel de Culpa é das estrelas é que a Poppy se esforçava para sorrir, e viver a vida da melhor forma que pudesse sem reclamar e se isolar.  Ela era tão boa, gentil, doce, meiga  e iluminada que era difícil não ser tocado pelo seu coração e sua alma inspiradora. Ela era extraordinária, ninguém conseguia ser o mesmo depois de conhecê-la, sempre trazia o melhor de cada um à tona. 

"Mas essa era Pppy, ela sempre dançou de acordo com a própria música. Ela sempre havia visto mais coisas acontecendo no mundo do que qualquer outra pessoa que eu conhecia. Ela via a luz perfurando a escuridão. Ela via o bem através do mal". 

    Poppy era uma violoncelista esplêndida, seu amor pela música era quase palpável e vi isso sendo transmitido lindamente pela personagem na história. Ela tocava com todo seu ser, isso era tão lindo, e Rune amava a fotografia, e isso também mexeu comigo, acho que me ajudou a valorizar ainda mais as fotos que registram momentos maravilhosos e que vamos guardar no coração. Ele era um talentoso fotógrafo, sabia o exato momento de capturar em sua câmera algo lindo e memorável. 

    Ela e Rune foram felizes juntos até os quinze anos quando ele precisou voltar para Oslo por causa do trabalho de seu pai, e essa separação ativou a sua contagem regressiva de autodestruição. Foi aí que ele se entregou à escuridão. Talvez para alguns isso foi um drama intenso adolescente, mas para quem leu esse livro com o coração aberto sabe que doeu tanto assim porque não era só a perda pela distância, mas sim porque ficaram de coração partido. Era uma conexão de alma. Algumas separações são quase insuportáveis para se lidar. É como se rasgassem o seu peito, é uma dor tão grande que parece que nunca vai passar. É sufocante, assustadora, e agonizante. 

    É verdade que alguns términos tendem a deixar um rastro de caos em nossas vidas até que a gente aprenda a ser autossuficiente, independente, ter autoestima e se reconstrua com o tempo. Rune achou que podia lidar com o abismo entre eles, mas só restou dor, mágoa, raiva e lamento. Quando estamos destinados a amar profundamente alguém é certo que de um jeito ou de outro nosso caminho vai se cruzar com ela outra vez, é a predestinação, vamos dizer assim. Eu acredito nisso, e esse tipo de amor  nunca morre, não importa quantos revezes a vida tenha, nada fará pessoas que se amam nessa intensidade desistirem do que as une. 
    Depois que ele foi embora de Geórgia, se fechou em sua dor, odiou o pai, e abraçou escolhas ruins que o tornaram um bad boy loiro, nórdico, atraente para muitas meninas, mas que ainda amava muito a garota dos laços e sorriso fácil. 

    Quando ele retornou à cidade em que morou por tanto tempo muita coisa tinha mudado, e muitos ressentimentos tomaram seu coração. Ele não entendia porque ela cortou o contato, de repente, e o esqueceu. Mas Poppy arrancou o bandaid de uma vez porque acreditava ser o certo naquele momento.
    O que você faria se não tivesse muito tempo e a pessoa que amasse muito longe? Esconderia o jogo ou abriria e enfrentaria as tempestades mesmo correndo risco de que o outro o visse como um fardo?  É difícil saber e não dá pra julgar, certo? É por isso que esse livro é lindo, apaixonante e destruidor, chorei litros.😭

     Quem manda no coração, não é? Algumas vezes ele é teimoso e mesmo errando tenta acertar. O amor deles foi se reconstruindo aos poucos, e se tornando força para ambos em suas jornadas. Rune agora precisava se redimir, se reencontrar e seguir em frente. A oportunidade de passar mais  um tempo com a garota que ele amava era uma benção e foi fundamental para sua mudança. Poppy queria deixar um legado e a sensação de ter vivido sua vida de forma plena pelo tempo que lhe restasse.  Ser amada tão intensamente por Rune era mais do que suficiente.

"O momento em que você sabe que é tão amada, que é o centro do mundo de alguém tão maravilhosamente, que você viveu... mesmo que tenha sido apenas por pouco tempo". 

    Como amo um bom drama pra chorar, é impossível não citar aqui um dos meus preferidos e que segue essa mesma temática do garoto que se apaixona pela mocinha e ela tem câncer, a história que não me canso de assistir, " Amor pra recordar" que amo demais, acho que a Poppy é bem parecida com a Jamie,  ambas tinham muita fé, eram otimistas e positivas,  Jamie também não tinha muitos amigos, e conseguia cativar as pessoas que a conheciam facilmente. Poppy  era inspiradora, apaixonante, pura, inocente e admirável, ajudou  Rune a ser uma pessoa melhor, assim como aconteceu com o Landon. As duas histórias mostram um amor que ultrapassa o tempo. Coisa linda 😍

   "Como ela achou que eu ficaria longe? Mesmo se ela não tivesse me afastado, eu teria achado meu caminho de volta para ela. Mesmo com toda mágoa, dor e raiva, eu seria atraído de volta, como uma mariposa para a lâmpada. Eu jamais poderia ficar longe". 

    Preciso dizer que ri, sofri, chorei e  me apaixonei durante a leitura dele, fui impactada com esse livro lindo que nos ensina sobre viver a vida de maneira plena, sem arrependimentos, sobre um amor que permanece além do tempo, sobre a importância de laços, quebra esse estereótipo de mocinho perfeito, gosto mesmo é dos quebrados que vão juntando  seus cacos e se reconstruindo com o tempo. 
    Amei a escrita da autora e com certeza vou ler mais livros dela. Esse foi um Young adult, mas ela também tem outras obras new adult.
Vale a pena conferir!

Até a próxima! 
    





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