Resenha: O destino contará a ultima história - Cris Rodrigues

O DESTINO CONTARÁ A ÚLTIMA HISTÓRIA por [CRIS RODRIGUES]

 

Obra:  O destino contará a última história 

Autora: Cris Rodrigues 

Editora: The four 

Nota: 5

Sinopse: O Destino está de volta fechando essa trilogia sensacional. Se você amou Augusta com sua irreverência e adorou Rose com sua meiguice, prepare-se para receber Eliete, Denise e Andrea! Elas vão abalar suas estruturas.

 

    Oi, gente!

    A trilogia destino chegou ao seu final, e no mês de agosto eu fiz a leitura desse livro maravilhoso da Cris Rodrigues. Foi por meio do primeiro livro do destino que eu conheci o trabalho dela e desde então não parei de acompanhar suas histórias repletas de ensinamentos, que me emocionam e me fazem evoluir como pessoa. Os livros da Cris são daquele tipo que transformam a gente, que causam um reboliço em nosso interior de uma forma positiva, por isso eu os amo.

    Estamos finalizando o mês de agosto hoje, e eu como uma pessoa um pouco engajada na campanha do agosto lilás, que é voltado para a conscientização das pessoas acerca da violência doméstica, não podia deixar de indicar livros que abordem essa temática. 

    A trilogia destino da Cris soube tratar essa temática com todo cuidado possível, ou seja, não temos romantização aqui. O livro é bastante realista sobre abuso físico,psicológico e sexual, pode causar algum gatilho para quem é sensível.

 Além de se encaixar nessa campanha de agosto, o destino contará a última história também pode se enquadrar no setembro amarelo porque uma das suas temáticas é transtorno emocional. 

    Já adianto que essa resenha vai ser longa  porque não há como falar desse livro sem trabalhar mais detalhes das relações abusivas e dos transtornos emocionais abordados.

    Então chega de enrolação, e vamos à resenha!

 

      

 O perigo dos relacionamentos abusivos 

 

    Eliete enfrentou o preconceito da sociedade porque era uma mãe solteira na década de 90, mas teve muita garra para lidar com isso de cabeça erguida. Ela lutou muito para cuidar de sua mãe que teve Alzheimer, e ler sobre essa doença cruel dói, é difícil ver uma pessoa que a gente ama pouco a pouco esquecer de si mesmo e dos seus familiares. 

    A autora tratou esse tema com uma sensibilidade muito grande, me tocou muito ver o amor dela por sua mãe. E do mesmo modo se repercutiu com Denise, sua filha que sofria de dependência emocional em seu relacionamento com Felipe. 

    Como diz a música de Cássia Eller, algumas vezes o príncipe vira um sapo e nesses momentos a gente precisa enxergar a verdade por trás da perfeição da paixão cega. 

    Denise fazia vista grossa para a possessividade, ciúmes  anormal, controle excessivo, e para o gaslight que seu namorado fazia com ela. Era refém de uma relação abusiva, um amor destrutivo, uma gaiola da qual ela só se veria livre até  que aprendesse a se amar de verdade, assim entenderia que quem ama mesmo não machuca, não humilha, não fere física, sexual ou psicologicamente.

    Eliete foi o suporte de Denise se manter de pé diante das surras  que levava do marido, e como muitas vítimas de violência doméstica  aceitava aquilo por medo do agressor ou de prejudicar os filhos, e nesse caso Andrea corria risco de sofrer com o abandono do pai. Ela preferia aguentar toda dor até sua alma sangrar para proteger a filha, mas a que custo? Até onde  uma mulher agredida pode suportar? Qual é o limite para um coração estilhaçado?

 

" Nunca deixe sua felicidade depender  de outra pessoa. Dê. Tenha  sempre  em mente que a única pessoa capaz de te fazer feliz é você! Os outros podem até contribuir, mas a responsabilidade de ser feliz é exclusivamente sua!".

 

    O choque de realidade fará Denise tomar uma decisão importante e crucial para mudar o rumo de sua vida, mas em se tratando do monstruoso Felipe  nada de bom se podia esperar de alguém que a afastava dos amigos, e a manipulava  para que não o denunciasse.

    O abandono parental causou uma ruptura dolorosa em Andrea, afinal, a separação dos pais já difícil para os filhos, mas quando  eles sofrem abandono por seus pais,  as  feridas  que surgem são profundas e abrem as portas para transtornos emocionais, caso haja uma predisposição a isso.

 

Transtorno de personalidade Borderline  

 

    Andréa ficou ressentida com o afastamento do pai, e sua mãe precisou lidar com uma maternidade atípica, já que a menina lhe deixou de cabelos em pé. Andrea era tempestuosa, geniosa, amorosa quando queria, e ao mesmo tempo agressiva, tudo nela era intenso. As suas emoções viviam à flor da pele. E levou muito tempo até que recebesse o diagnóstico correto de transtorno de personalidade Borderline.

     Andrea amava a sua mãe, mas quando a chave virava ela se tornava outra pessoa, e acabava ficando agressiva verbalmente e fisicamente com sua mãe. Denise sofria com os ataques de fúria da filha, e como toda  mãe atípica chorava por isso e esperava pacientemente que a filha evoluísse, que encontrasse equilíbrio emocional e essas agressões diminuíssem com o tempo.  Meu coração se apertava nessas cenas gente.😭  Denise era uma mãe maravilhosa que nunca abandonou a filha, nunca deixou de lutar pelo bem-estar dela, pelo tratamento mais assertivo para seu transtorno.

 

" Denise sabia que a mente da filha era um labirinto escuro difícil de encontrar uma saída".

 

    Andrea sempre se culpava por suas crises, por mais que amasse sua mãe, era difícil conviver com o caos da sua mente que a deixava transtornada, totalmente  furiosa e fora de controle. Quando o border explode se sente péssimo por causa disso depois. Imagine viver tentando se equilibrar numa corda bamba todo dia, é assim a vida de alguém com esse transtorno. 


" Eu faço o possível para ser uma pessoa melhor, mas tem algo dentro de mim que me sufoca. É como se tivesse um bicho lá dentro querendo me estrangular e daí sai tudo pra fora em forma de revolta".  

 

     Pra quem não entende bem o que é esse transtorno, eu vou explicar de uma forma resumida e mais didática possível. 

    O transtorno de personalidade Borderline pode ser causado por abandono parental, abuso psicológico, físico e sexual. Experiências traumáticas podem ser gatilhos para que ele apareça. Pessoas com esse transtorno tendem a sentir emoções intensificadas em curto espaço de tempo, ou seja, há muita irritabilidade, apatia e melancolia no mesmo dia.  

       Pessoas com Borderline tem muito medo de abandono porque em algum momento de suas vidas sofreram isso, seja na infância ou na adolescência, por exemplo, por isso elas se apegam loucamente a quem se aproxima, mas por serem muito irritáveis e terem  explosões de raiva, é comum que  seus relacionamentos sejam instáveis.

     É difícil lidar com quem é intenso, explosivo, e tem tendências a automutilação ( claro que nem todo border vai se cortar, ok?), mas pode acontecer de automutilação ser de outra forma como se arranhar, se morder, dar socos em paredes, coisas assim. 

    O Border não consegue controlar o que sente, não é culpa dele ser assim, mas não significa que ele deva se conformar em ser um porco-espinho espetando as pessoas  verbalmente o tempo todo, o conhecido passivo-agressivo, mas com terapia  ele pode aprender a controlar os gatilhos, ter menos crises e evoluir.  Algumas vezes a intervenção medicamentosa se faz necessária para reduzir a irritabilidade ou tentativas de suicídio. 

 

    A importância do apoio familiar durante o tratamento 

     O apoio dos familiares e amigos é importante. É bem melhor sermos amados e aceitos com nossas imperfeições ou nossos caos internos.  Andrea era amada mesmo quando não estava em seus melhores dias. Esse cuidado fez toda diferença em sua trajetória rumo a superação. Só quem vive com algo assim ou convive com alguém  com algum tipo de transtorno mental sabe que é uma luta diária para aproveitar a vida mesmo com os pacotes indesejados da depressão, ansiedade e o combo que elas podem trazer. 

    Conviver com  transtornos emocionais nunca é fácil, mas cada dia vencido é uma vitória. Quem convive com um hóspede indesejado na mente agarra a alegria recebida de cada momento vivido o máximo que pode porque sabe que ela não vai ficar por muito tempo com ele, logo a escuridão retorna, as lembranças traumáticas assombram,  então ele aproveita a sensação da felicidade quando ela o visita.

    Cris Rodrigues tratou o borderline de uma forma realista e admirável. O trabalho feito nesse romance foi espetacular, e pessoas que tem filhos, amigos ou parceiros com esse transtorno com certeza vão se sentir bem representados com o livro. 

    O amadurecimento de Eliete, Denise e Andrea  foi muito lindo. Cada uma floresceu de um jeito muito marcante e inspirador.  O destino contará a última história trabalhou muito bem violência doméstica, famílias disfuncionais,  abandono parental, estresse pós-traumático, depressão, ansiedade, TPB,  e alzheimer. Soube explorar esses assuntos com cuidado, delicadeza, sensibilidade e fez alertas  importantes.  

    Acompanhamos a trajetória de três grandes mulheres e como o amor sempre foi forte entre elas. Se agarraram a esperança e a resiliência para superar seus obstáculos e mudaram seus destinos, assim viveram de forma plena e feliz.  

    Prepare os lencinhos porque é difícil não chorar com esses livros lindos da Cris, a trilogia destino me arrancava lágrimas em diversos momentos da leitura, e só me fazia admirar cada vez mais as personagens Augusta, Rose e agora Denise.  Mulheres incríveis que nos ensinam a dançar conforme a música da vida, e não desistir dos nossos sonhos. 

    Se vocês gostam  de leituras impactantes ao estilo de Nicholas Sparks como eu e a autora, então vão curtir ler os livros dela. Cris consegue colocar cenas leve e divertidas para equilibrar com os momentos mais pesados e sérios de seus livros. 

      Só digo leiam! 

Amei e recomendo!  


 

   

      

 

Nenhum comentário